Caracterização da Área
Metodologia Utilizada no Inventário Florestal
Assim, o primeiro passo a se tomar foi a delimitação e definição dos usos do solo dentro da ADA, para que fosse possível a definição da metodologia de estudo a ser utilizada. Como esse projeto se trata de supressão de vegetação de mata atlântica em estágio médio de regeneração, foi necessário EIA/RIMA. Quando isso acontece, o processo fica muito mais caro e amplia o tempo necessário para a obtenção da licença devido a complexidade dos estudos que precisam ser feitos.
Porém, como este texto é referente à AIA, não abordarei o EIA/RIMA. Portanto, voltando ao projeto que elaborei, foi definido a utilização de três metodologias diferentes para a elaboração do inventário florestal:
- método de amostragem em parcelas fixas utilizando Amostragem Casual Estratificada no FESD Médio;
- parcelas fixas e Amostragem Casual Simples no FESD Inicial;
- e Censo das árvores isoladas nos locais mais impactados.
Também foi realizado o estudo das espécies herbáceas, para esse tipo de análise utilizamos parcelas de 1m².
Execução do Inventário Florestal
Análise dos Dados e Principais Resultados
Compensações Ambientais Necessárias
Como era de se esperar em uma área com essas características - elevada riqueza e diversidade -, foram encontradas espécies que:
- são protegidas e imunes ao corte (Ipês-amarelos);
- possuem algum grau de extinção e número relativamente alto. As espécies são:
- Ocotea odorifera
- Dalbergia nigra
- Aspidosperma parviflorum
- Cedrella fissilis
Por causa dessas espécies, será necessário o plantio compensatório de uma grande quantidade de indivíduos das mesmas, que acarretou em mais três projetos: PCIA, EITAL, PRADA e um Estudo de conservação dessas espécies in situ. Mas tratarei deles posteriormente.
Para fechar a parte do Inventário, a volumetria de madeira calculada foi bem elevada: 4.602 m³ de madeira e lenha em um, e 2.289 m³ no outro; Com isso, as taxas para os empreendedores foram um pouquinho salgadas… o que não desanimou os responsáveis pelos projetos. Fechado a análise da comunidade arbórea, chegou a hora da vegetação herbácea.
No que se refere a esse tipo de vegetação, o estudo foi um pouco decepcionante: encontramos poucas espécies e uma elevada quantidade de gramíneas exóticas. Embora seja sempre positivo ver uma área bem preservada, esses dados corroboram o resultado encontrado no índice de Shannon-Wiever e evidenciam um histórico de degradação que demanda ações corretivas. Foi justamente essa combinação de resultados – tanto da comunidade arbórea quanto da vegetação herbácea – que indicou a necessidade de elaborar medidas compensatórias robustas que seriam definidas a partir do Projeto de Intervenção Ambiental (PIA).
Mãos à obra! Agora é a vez de escrever o Projeto de Intervenção Ambiental (PIA)
Com todos os dados em mãos, parti para a elaboração do PIA (Projeto de Intervenção Ambiental) que é um dos principais documentos para a obtenção da AIA (Autorização para Intervenção Ambiental). É a partir dele que caracterizamos a região do empreendimento, o imóvel, o histórico de uso, a vegetação que será suprimida e quais as compensações serão necessárias. Lembra das espécies ameaçadas e protegidas que falei agora há pouco logo acima no texto? Pois é, aqui que elas entram. No caso desses dois projetos, as compensações foram:
- Plantio compensatório por supressão de espécies ameaçadas de extinção;
- Plantio compensatório por supressão de espécies protegidas e imunes ao corte no estado de Minas Gerais;
- Compensação Minerária;
- Compensação pela supressão de vegetação nativa do bioma Mata Atlântica.
Esses estudos compensatórios foram definidos com base em uma análise detalhada dos dados coletados sobre a vegetação local e nos impactos esperados. Os dados coletados revelam padrões interessantes na composição da Floresta Estacional Semidecidual e indicam desafios específicos para sua conservação. Mas o que esses resultados realmente significam em termos de impacto ambiental e compensação? No próximo artigo, exploraremos como essas informações fundamentaram nossas propostas de compensação ambiental e quais lições esse estudo trouxe para futuras análises
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