O inverno chegou! E os carrapatos também
Eles não são o Papai Noel e nem o Coelho da Páscoa, mas se você ,assim como eu, precisa realizar alguma tarefa em áreas naturais, se prepare! Seu encontro anual com os carrapatos é certo! Com esses aracnídeos não adianta ter sido bom o ano inteiro, se comportado, ou se proteger do seu ataque. O final é sempre o mesmo: coceira. Olhe que eu não me rendo facilmente, até tento usar a calça dentro de um meião de futebol, usar repelente, fita adesiva, bolfo (com esse eu parei), tomar ivermectina (também parei) ou qualquer outra panaceia que tu queiras. Fato é que não adianta: os carrapatos sempre encontram uma brecha nas minhas defesas e a coceira é certa.
No momento em que escrevo este texto, estou há mais de cinco dias com uma coceira forte e generalizada pelo meu corpo. A causa foi uma atividade de campo no município de Jeceaba, MG, lá eu iria inventariar algumas árvores isoladas para o Projeto de Intervenção Ambiental (PIA) de um empreendimento de dragagem de areia. O futuro empreendimento situa-se às margens do Rio Paraopeba.
Atividades desenvolvidas em campo
Minha atividade neste campo consistiu em delimitar a futura ADA (Área Diretamente Afetada) pretendida pelo empreendimento, inventariar os indivíduos arbóreos isolados e marcar os pontos de passagem da draga, da tubulação e do retorno de água para execução das atividades. Buscamos pontos onde a tubulação possa alcançar o curso d'água sem a necessidade de supressão de vegetação arbórea.
Foto de minha autoria mostrando parte da ADA pretendida para a instalação do porto
A atividade transcorreu bem, o dia estava agradável e parecia livre de carrapatos. Os dados que coletei em campo vão subsidiar o meu Projeto de Intervenção Ambiental. Logo, as informações que eu peguei servem para construir os polígonos para as plantas do projeto, ter uma definição da área mais apurada com o uso do GPS em campo e fazer uma avaliação da vegetação no local. Essa análise prévia à elaboração dos estudos é fundamental para a obtenção de melhores resultados num processo de AIA. Por isso, visite o local onde o empreendedor pretende intervir. Muitas vezes as imagens obtidas pelo Google Earth nos confundem e impedem uma ampla compreensão da área que estamos trabalhando.
Terminamos as atividades, almoçamos e eu e o meu companheiro de campo Alexandre Rocha e fomos a um outro empreendimento do mesmo cliente: outra dragagem de areia às margens do Rio Paraopeba. Foi aí que começaram os problemas...
Chegando à área, me deparei com cavalos pastando (mal sinal e um poderoso indício do que nos aguardava) e já fiquei com um certo receio. A atividade nesse novo local seria bem rápida (marcar um ponto para passagem de tubulação) e ir embora. O empreendedor já opera sua atividade nesse local. Foquei no que tinha que fazer e fomos embora bem rápido. Senti uma coceirinha ou outra mas não dei muito crédito. Quando cheguei em casa tirei as botas.... Olha, serei sincero: carrapatos adultos até que tinham poucos, agora micuins (os estágios iniciais de desenvolvimento do carrapato)... Haviam muitos em mim!
Atividades em campo nunca acabam: o pós-campo
Não é só do armazenamento de dados e de sua análise que vive o biólogo. Passei um bom tempo tirando esses animais do inferno (risos). Eles são piores do que os adultos de carrapatos porque passam pelas frestas do tecido da roupa e da meia e estão sempre em grande número. A coceira que os micuins causam é pior que a do carrapato normal (que já é forte). Fiz tudo o que podia para reduzir o problema: retirei os micuins, tomei banho, tomei um comprimido anti-alérgico e passei pomada. Mesmo assim, tive muitas dificuldades para dormir e ao longo dos dias que se seguiram.
Você biólogo, consultor ambiental ou você que gosta de natureza, tome muito cuidado nesta época do ano. Os carrapatos são perigosos para nossa saúde pois podem transmitir a febre maculosa, uma doença muito perigosa e que pode causar morte. Por isso, todo cuidado é pouco.
Para tentar minimizar os riscos, aqui vão algumas dicas baseadas na minha experiência e na de amigos e colegas: utilize ataduras nas pernas e nos braços (dê muitas voltas) para evitar que os micuins passem pelas frestas do tecido (essa dica quem me passou foi meu parceiro Rodrigo Chaves que entende muito de atividades de campo); utilize duas meias (uma delas um meião) e coloque a calça dentro do mesmo; passe fita adesiva por cima do meião no ponto em que a calça está dentro dele para fechar a fresta deixada; além disso, use a camisa dentro da calça e tente forrar a nuca com algum pano. Durante as atividades em campo, fique atento às suas roupas para ver se há a presença de carrapatos para que você os retire antes que eles consigam te picar. No caso dos micuins, eles formam manchas esbranquiçadas na sua roupa.
Seguindo essas dicas, você conseguirá evitar um pouco o transtorno causado por esses animaizinhos e proteger, um pouco, contra a febre maculosa.
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